terça-feira, 29 de outubro de 2013

Indestrutível



A chuva faz brilhar o asfalto em gotas prateadas
e onde o castigo do estio secou plantas, rios e até os olhos
de quem nem mais chorar podia
Brotou nova esperança, alento, e energia
As orações foram ao céu, e pareceu que o céu enfim lhes respondia
Mas um pouco mais além, no povoado não muito distante
profano temporal arrancou árvores, telhados, fez rodar no vento
a paz, as casas, as obras feitas de sonho e alvenaria 
Desalentados ao relento, aquela gente 
De olhos postos no céu a chuva maldizia
A mesma chuva, a mesma água que caía
Podia representar tanto bênção quanto maldição
A chuva é então...um mal ou bem?
De que essência, má ou boa é feita o trovão?
Há o mal? Há o bem? Há o bom ou ruim ou então
tal dependerá de quão preparados estamos para receber
o que a vida nos trouxer, de chofre, de roldão?
Há quem diga que a alma precisa ser arada
ser cinzelada, e passada ao fogo
para que seja maleável a todas as situações
Já que nunca saberemos de antemão
se é "bom" ou "mau" o que nos traz os ciclos do porvir.
O que devo fazer, então...? Aprender... E deixar-me ir.


Bíndi


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Amor Vampiro



A noite entra pela janela com o vento
Que desenha formas sombrias nas cortinas
Meu corpo é todo um arrepio de presságios
Minha alma tece o agora com os retalhos do passado

Saudades...desejos...anseios...por que? por quem?
Sinto falta de rever as paisagens que jamais vi
Sonho todas as noites com rostos que não conheço
Acordo para esquecer os sonhos torturantes

Os pios das aves noturnas anunciam...ele vem, enfim
Pressinto sua chegada, a janela estremece,
jasmins e lírios se desmancham sobre meu corpo
repasto do seu apetite, prisão da minha alma

Quero-o...ainda que seja minha perdição
Sinto-o...mesmo que venha de outro universo
Vejo-o...e o reconheço, meu Lord feiticeiro
Toma-me e leva-me: já não mais me pertenço

Minh'alma farta de te esperar, enfim,
Entrega a ti um corpo para o sacrifício.
Derrama o sangue que unirá as vidas para sempre
Quero alimentar-te de mim, ser eu em ti, eternamente.


Bíndi



 









Meu desejo é invencível...
Lua após lua, as lembranças distantes...me revoltam
Incapaz eu sou de me redimir
Diante da fome insaciável, meu apetite quer te devorar

Sugar tuas energias...num acalanto de terror 
Gemidos na madrugada...passos na calçada
Uma janela entreaberta...um vulto sinistro
Um corpo nu...minha refeição está servida

Revejo o pavor em teus olhos
Olhar que amei outrora...hoje noutro corpo
Me abandonaste nos séculos sem fim...
Madrugadas de tormentas, me perdi...

Me perdi no desejo animal, meu sangue se esvaiu
Hoje bebo de ti...fazendo retornar a rainha de um coração que tive
Me importa te seduzir, o sabor é mais forte
Fêmea frágil me amando...tomo-te em sugadas mortais.

Nada resolve teu choro, minha sede é irracional
Volta pra mim, amada...
Vem pro nosso tempo de um século esquecido
Viva pra sempre em corpo, junto a mim

Quero vingar o animal que me fiz, 
Quero viver de amor, mesmo te fazendo igual a mim...me faz feliz assim...

Reconheces o Lord que fui?
Saudades sem fim passei...
Agora não mais...
Estás aqui...vamos reinar nas madrugadas, como dois pássaros negros e famintos, por um amor sem fim.

Ghost

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