segunda-feira, 7 de abril de 2014

O Espírito da Rosa


O Espírito da Rosa

Eu fui rosa numa terra áspera e vazia
Achou-me o vento, que me desfolhou e fez-me
em mil pedaços, pétalas caídas
Chorou a fada que plantou-me, carinhosa
Porém eu,  agradeci ao vento
por ter-me arrancado ao galho que me trazia
e no conforto me prendia, pássaro-flor.
Só assim pude voar, sentir, fluir
levada pelo feroz vento aos quatro pontos cardeais.

Fustigada eu fui, pisoteada pelas bestas feras
Varrida como escória, chutada pelas botas senhoriais
Brinquei nos lábios das crianças, 
chorei nas faces das donzelas
Escorri pelos dedos dos amantes impudicos
Em tudo isso experimentei, senti, vivi...
Ferida em minha carne carmesim, de mim ficou o meu fantasma
o perfume da rosa que fui, levado pelo mesmo vento

E que a encontrar-te foi, querido meu.
Pombo entre as serpentes, leão entre carneiros, 
raposa entre os abutres, mago e feiticeiro,
aristocrata, camponês e indigente...
Só assim, desfolhada e fria eu te alcancei.
Sinta no meu perfume o meu alento
Que te buscou enquanto rosa presa à terra
mas só alcançou-te fantasma de si mesma
Revoluteando ao vento da mudança
que tira a todos nós de nosso eixo.

Sou o fantasma do que fui, a rosa eterna
Sou a futura rosa que nascerá com outro nome,
outra flor, em outro orbe, outras vivências
Mas enleada ao teu destino, amado meu.

Inspirado no amor imenso que teu doce coração me oferece, meu amado Ghost.
Bíndi


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