quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Paz em Nós

Nossos queridos...deixamos este texto de Emmanuel para fechar o ano em nossas postagens. Ano difícil...mas são as dificuldades que põem à prova de que material somos feitos. Somente quando perdemos algo ao exercer nossos princípios, é que provamos que verdadeiramente temos princípios, pois fácil é agir com justiça ou bondade quando caminhamos em um mar de rosas. É apenas quando os pés sangram nos primeiros espinhos que percebemos em nós mesmos se aprendemos a lição da perseverança no bem.
Vamos projetar bons pensamentos para o próximo ano...para que, apesar de todos os prognósticos negativos, saibamos que estamos construindo uma base sólida, em meio a escombros e sujeiras de uma sociedade que se vai para dar lugar a outra.

Daremos uma pausa nas postagens...mas voltaremos vez em quando, trazendo notícias, e aproveitando o carinho que todos sempre generosamente deixam por aqui.
Felizes festas a todos! Do jeito que for, do jeito que der, mas sempre com fé e esperança.

Bíndi e Ghost



Paz em Nós

"Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossa consciência..." - Paulo.

II Coríntios, 1:12


Abraçando a renovação espiritual para a conquista da luz, quase sempre somos contraditados pelas forças da sombra, qual se tivéssemos o coração exposto a todas as críticas destrutivas.

Cultivas bondade e afirmam-te idiota.

Mostras paciência e imaginam-te poltrão.

Esqueces golpes sofridos e chamam-te covarde.

Praticas a humildade e apontam-te por tolo.

Falas a verdade e supõem-te obsesso.

Exerces brandura e julgam-te preguiçoso.

Auxilias fraternalmente e envenenam-te o gesto.

Confias e dizem-te fanático.

Cumpres obrigações e há quem zombe de ti.

Entretanto, a despeito de todas as dúvidas e impugnações que te cerquem os passos, segue para diante, atendendo aos deveres que a vida te preceitua, conforme o testemunho da consciência, na convicção de que felicidade verdadeira significa, em tudo, paz em nós.


Emmanuel  


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O que me importa...?





Bateram no meu vizinho
o me importei, o que eu tinha
​a ​ver com isso?

Então bateram na criança
Não me importei, não era filho meu

Voltaram e bateram no idoso
Não me importei, não sou idoso

Eles continuaram batendo em mulheres
Não me importava, não 
​era em minha família que batiam

Então vieram e​ levaram a criança
​Não me importei, não era parente meu

Mataram o idoso
Não era meu avô, que pena, coitado...que Deus o tenha

Violentaram a vizinha
Ela usava roupas curtas, a culpa pode ter sido dela

Prenderam os negros
​Não me importei, afina​l​...todos os dias eles são presos


Hoje, eles entraram na minha casa
Me bateram, violentaram minha mãe, mataram meu pai, sequestraram meu filho, me acusaram de ladrão...

Estou preso, minha família destruída, mas assim como não me importei com os outros...
Ninguém se importa comigo!

Ghost


 Imagem encontrada em www.lecridupeuple.org

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Aqua Benedicta



Chove.
Chuva bela, graciosa
Molhando a mística, encarnada rosa
Água abençoada
água que tudo lava
Sonham contigo os desertos
Beduínos, andantes dispersos
Como anseiam por ti!
Elefantes da Namíbia,
em quilométricas trilhas
têm na vida um caminhar
somente pra te provar,
num fiozinho de nada
brotando do chão perverso.
Em rios subterrâneos
Te escondes durante o estio
E com que doce alegria
Te veem chegar, nas monções

E eu, em longínquos rincões
Tenho-te em abundância.
Ter-te? Não me pertences
A mim és só emprestada
água tão abençoada
que eu vejo escorrer todo dia
Lavando-me a humana sujeira
Tão dócil a escorrer da torneira

A água desce, serena
na testa em febre da humana prole
O choro da Mãe abençoa
mesmo ao filho que a atraiçoa.
Chove.

Bíndi 







Imagem:  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgXm8ZBmt1fjtox1ODWrRw2psCSmoVxR6xZ5aWBZGHn4IsWX6ei8feiOldEyFYxt8zc41vAO0yGA2Q_ooNG4HEudzU9DzXOU-faNm7ieDIHEhZdFaf9mW9hDQYeXcNK76vpqZKyJIOiS4u/s1600/cinema+(12).gif

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Enigma



Então me vejo assim, esse sou eu?
Então como posso projetar-me além do que penso ser?!
Então todos me põe limites, porque eu mesmo me pus.
Então me detenho e sinto que sou além do "eu"...

Me veja então como quiser, pois o que você percebe é só uma projeção
Sou consciência sem forma, sem cor, sem sexo, sem passado, sem futuro
Existo na ilusão de tudo que criamos em nossos próprios egos
Centramos a individualidade como verdade final, sem perceber que andamos além do que pensamos ser

Já me projetei como soldado, como mendigo, como mulher, como homem
Você ri, ria mais, pois estou tocando em seu ego, em suas ilusões, mexendo em seus medos
Transponho seus limites, mostro que você não é o que pensa ser, nem ao menos você existe
Assim pensei ser, até perceber que fazia parte das fagulhas duma consciência pai-mãe.

Toda essa personalidade que você pensa ser, é pura ilusão, ela desaparece no tempo e no oceano
Ainda como criaturas, buscamos as contrapartes, às vezes muito distantes de onde estamos
Acoplamos então, unindo yan e ying, e agora?! 
Quem é você?

Onde ficam aqueles conceitos que a criança se negava a aprender, mas que impomos em suas mentes?!
Moldando seres, nações, interpretando a história, sem saber que somos apenas 4% de tudo no universo.
E agora?! quem é você?
És homem? És mulher?
O que fazes com os seus pré-conceitos? Nada...pois eles deixam de existir, pois você deixa de ser o que pensa ser, a gota volta ao oceano

Liberte-se, não seja o "eu", o eu é o próprio ego que teima em lhe manter aprisionado na samsara das ilusões
Agora então você é um andrógino, oriundo dos primórdios hermafroditas que lhe deram uma "personalidade", andaste pelas sombras até ser humano
Perceba, o único obstáculo entre o que você pensa ser e o que você é realmente...é o ego.
Ele se ofende, ele julga, ele cria dogmas, ele se opõe ao que quer liberar você da gaiola.

Mas quem sou eu, afinal?! 
Eu não sou o "eu", mas a videira que produz os ramos
A fonte
O tudo e todos...

Ghost


quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Alimentando pombos



Chega a mensagem da amiga, de coração carinhoso
em que a doce imagem da menina me hipnotiza
eternamente alimentando pombos, num mundo só seu.
Tão doce mundo, tão delicada luz, tão tudo de bom, demais...
Mas esqueci de fechar as janelas e frestas da casa
e a vida de verdade entrou, desaforada e estridente 
pela voz do repórter do jornal das sete, que assim como alguns 
do jornal das oito, das nove, das dez e das madrugadas obscuras 
parece se deleitar em nos deitar notícias ruins pela televisão afora. 
Sim, eu sei que o mundo tem acontecimentos maus... 
Mas é preciso apresentá-los assim, nessa crueza dura? 
Ou pior, nessa narrativa que abusou de toda a maquiavélica criatividade 
para averiguar os detalhes mais indecorosos e sórdidos, 
entrevistando das vítimas a mãe, a irmã, a tia e os parentes todos 
e tentando espremer deles mais lágrimas, mais dores, 
cutucando as feridas abertas com a vozinha doce e falsa 
e acordando sentimentos doloridos e memórias perenes que talvez nem despertassem 
sem essa voracidade pela notícia violenta e sinistra. 
Deixem em paz as vítimas e seus queridos, não preciso da notícia inteira, 
esquartejada, detalhada em precisão cirúrgica e posições cadavéricas. 
Alguém morreu, eu sei. 
Mas não deite fora o respeito pela morte e pela vida como a água de um balde sujo 
Nem atire na vala comum mais um acontecimento, 
fazendo dele apenas uma isca para os números de audiência. 
Você tirou minha paz, repórter do jornal das sete 
e nem tive tempo de trocar de canal ou de baixar o volume 
antes de trocar de alma para sair desse mundo 
onde a menina eternamente alimentava pombos.



Bíndi


Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjhgbaQu9sDQ0ib7IOKOm09dsp_JzMUWs9SSroioU5Qb-Hk8-0JIFnhsLAIjGJlWIBL62Ef5_lNFtmWpw9jFFQnLObqC6vQD-zR9UNW_J0NCE17HJu2cVmr99dtrtfXoHt1YhA6cE2oK78O/s1600/Animation.gif

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O Amor que neguei...




Corri todos os riscos, eu sei..
Fiz de tudo para negar o que sentia
Mas era mais forte que a minha vontade
Minha mente negava o que meu coração desejava!

Foi assim que entreguei-te o meu olhar insistente
Chamei sua atenção
Aos poucos, você correspondeu-me
Então, foi o começo de minha triste história.

Fui punido pelo resto de minha vida,
Aprisionado numa masmorra
Vendo a revolta crescer dentro de mim
Já não havia mais lágrimas

A dor era tão profunda que o amor que eu sentia
Aos poucos transformou-se em ódio mortal
Por tudo e por todos
Eu precisava da vingança

Foi assim que parti, caindo em profunda decadência moral
Combati muitos, sucumbi em sombras profundas
Tornei-me um senhor das trevas
Comandei legiões, não perdoava a ninguém

Meu exército era poderoso, imbatível
Busquei e aprisionei ao verdugo que tanto mal me causou
Castiguei-o até destruí-lo ao estado dum ovoide

Mesmo assim, meu coração não encontrou a paz
Por séculos sem fim, andei vagando e sugando vidas
Dilacerei muitos, tornei-me um demônio
Não perdoava, não amava mais nada e nem a ninguém

Negava-me a oportunidade de perdoar
Mesmo quando minhas próprias vítimas me perdoavam
Ainda assim, eu as odiava...tentando resgatar o que perdi
Vingando-me de todos e de tudo!

Foi tanto ódio guardado que caí em completa auto-destruição
Meus órgãos mais importantes se dilaceravam
Até mesmo minha mente se esvaía em devaneios umbríferos
Desci até onde nada existia de humano em mim

A dor e o ódio me dilaceravam como uma faca, que cortava minha própria alma
Extinguindo-me da existência das criaturas

Quando nada mais restava para resgatar de minha vingança
Dei-me conta de que havia sido amado um dia
Onde estaria aquela que tanto amor me ofereceu?
Era minha única lembrança da vaga paz, que ainda habitava em minha dor milenar

Então num esforço profundo, quase maior que meu próprio sofrimento
Chamei-te com a voz de meu coração
Morto estava eu para o universo, já não existia mais humanidade dentro de mim
Já não conseguia nem mesmo odiar, queria apenas ver-te uma última vez

Apaguei-me em morte da consciência
Ressuscitado fui por um beijo, dado com tanto amor
Trazendo-me de volta ao viver de minha individualidade
Havia se passado mil anos...e ainda tinha o seu amor em mim!

Chorei em seus braços, pedi o seu perdão e reconheci as minhas culpas
Meus crimes, todas as vítimas que fiz no tempo
Havia causado tanta dor, tanto sofrimento que não mereceria mais existir
Assim mesmo, anjo...vieste ao meu encontro, descendo até as regiões sombrias em que me pus

Alimentaste meu coração com seu amor e seu perdão
Lembro ainda de seus olhos a fitar-me no momento de meu despertar
Dizendo-me..."volte pra mim!"

Aqui estou meu anjo, nesse sonho consciente, recebendo-te novamente
Prometendo-te que irei até onde você está,
Mesmo que demore mais mil anos
Plantarei a paz, resgatarei todos os meu crimes

Porque amar-te é meu destino e o motivo de minha existência!
Encontrar-te-ei um dia...então livre das masmorras que aprisionaram meu coração
Para unir-me a ti...no país das estrelas!

Ghost



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Deborah




Querida irmã, que há tempos não contacto, que saudades tuas...
Não digo que há tempos não a vejo, pois a tenho visto sempre nas minhas lembranças!
Vejo que choras, pareces tão triste...
Da última vez que você me viu, eu usava um vestido branco, com bordados azuis, desgrenhado e sujo de minhas andanças no quintal; sempre amei a natureza, como sabes, e amo-a ainda mais aqui de onde posso ver a verdadeira grandiosidade da teia da vida.
Eu ainda era uma jovenzinha, mas de lá para cá, cresci tanto, e como queria que me visses agora!
Como eu poderia ir embora tranquila, deixando-te assim?
Imaginando-me só, te escondes dos outros... 
Pensando-me pra sempre perdida, te proíbes o riso, ofereces teu corpo à inércia.

Lembro-me de como era nosso inverno, uma sucessão de dias sombrios, cinzentos, amargos...
E foi num desses dias que peguei a câmera que me deste, e saí a fotografar aquelas paisagens desmaiadas na tristeza da chuva e do frio.
E foi quando olhei as fotos que percebi algo que não havia visto antes, no olhar panorâmico que eu lançava às coisas:
Ela estava lá, pequena flor que se misturou à imagem e que em sua humildade não se sobressaiu...
Por brincadeira, fui fotografando assim, a esmo, tudo o que via...
E em cada canto a vida teimava em viver.

Mesmo no guarda-chuva esquecido no banco, havia ainda a mão de quem lá o deixou. Na vila pobre, as crianças sorriam...
Acho que foi assim que me chamou a atenção a lágrima que em teu rosto rolava.
Em meio a todo o espaço por onde agora eu poderia planar, aquela pequena gota de prata paralisou-me...
E vi que em meio à vida, havia dor.

Irmãzinha, eras a mais velha...mas agora, ao contemplar todas as vidas que já tive, vejo-me eu a mais velha, a mais experiente, e apta a te consolar, assim como me consolavas quando eu não entendia as asperezas da vida. Mas pra isso, querida menina, preciso que te permitas ser confortada, não bloqueando teu coração com tanta tristeza, a ponto de eu não conseguir te atingir com meus pensamentos de amor. Um dia, vais me ver com teus olhos novamente, e eu te direi que valeu a pena a breve separação que me deu tempo de amadurecer para oferecer a ti e aos outros um coração mais sábio. Essa é a pessoa que eu desejo ser...como ainda não posso sê-la, ao menos me cerco das coisas que ela faria. Eu trabalho, eu coopero, eu estudo. E te espero.

Agora deixa-me partir. Sou uma andorinha...!
Olha pra mim com toda tua alma: sinta meu olhar e minha bênção, pois antes desta carta terminar, quero ver a luz azul dos teus olhos. Esse será o farol que me guiará a ti, quando aqui chegares.

Um beijo de beija-flor...da tua irmã
Deborah


Bíndi




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