quarta-feira, 30 de março de 2016

Regresso



Sim, eu estava enganado em lhe dizer que iria demorar
Pensei poder viver sem você, mas como poderia viver sem parte de mim?!

Mais uma vez errado, sem suportar o tédio da vida cinza sem você
Enganado pelo próprio ego, achava que poderia suportar um longo tempo

A saudade me amassou o coração, como uma tonelada caindo numa formiguinha

Foi assim que corri para a mesma estação em que vi você partir
Os segundos não passavam, eu queria descer do trem e correr ao teu encontro

Ainda faltavam muitas paradas, minha esperança era que em você ainda vivesse o mesmo amor

Então o trem foi parando, vi você sentada num banco...olhava para cada pessoa que descia do trem, mas não me viu descer e parar atrás de você

Eu não sabia o que fazer, se sorria, se chorava, se lhe chamava o nome...
Então fiquei ali parado, apenas olhando pra você, como se fosse um sonho em que eu não desejasse despertar

Você se voltou, como quem sentisse minha presença...

"Quando você precisar dizer alguma coisa para alguém, e mesmo sem nada poder falar, receber um abraço e um beijo, essa é a pessoa que Deus enviou para ser o seu par, pela eternidade!".

Assim estamos vivendo nossos dias, unidos por um amor que não cabe em palavras, que só pode ser entendido nos olhares, nos gestos, nos carinhos, na comunhão...precisaremos da eternidade, nada mais...

Ghost


segunda-feira, 14 de março de 2016

Armadilhas do Tempo



O teu amor é minha voz trêmula tentando te dizer adeus, e minhas mãos inertes não querendo te acenar. O teu amor estava na estátua do Senhor morto, nas roliças pombas das praças, estava na medalhinha do cordão dourado em teu peito batendo em meu rosto enquanto me amavas. Estava nos olhos com que me miravas nesse momento, cujo olhar parecia vir de um lugar fora do tempo e espaço.

Mas ah...estava mais ainda em minha alma, tão entranhado em minha alma que ela arranhou-se toda nos espinhos da saudade que me atravessaram antes mesmo de minha partida. E o trem chegou, tão veloz, tão veloz...e me levou de ti numa sofreguidão indiferente que não deu por conta do meu espectro parado ainda lá, na estação a te olhar. Ficou para trás meu desejo de dias contigo, te acompanhando pelas escadarias em que subimos nós e desceste só.

Teu amor foi tão grande que não permitiu que eu te visse partir, pois sabias que meu coração congelaria no momento em que me desses o último olhar. Preferiste tu ser aquele deixado para trás, acenando e correndo atrás do comboio que me levava, chorando, a uma vida sem ti.

Mas eu sei que o silêncio é a pausa entre duas palavras de carinho, e a saudade é a pegada que o amor deixou: um dia andarei sobre meus próprios passos, refazendo o caminho que me afastou de ti, e encontrarei ainda a sombra de tua imagem na estação, impregnada como almíscar nas rendas do tempo. E nesse dia, do fundo do silêncio, eu ouvirei a tua voz a me chamar, e cada rosto que cruzar por mim verá a luz daquela que vai reencontrar seu grande amor, pra nunca mais, pra nunca mais, se separar.


Do teu amor, Bíndi!


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