Pelo fio da espada e em nome de um deus
Fui defensor, agressor, soldado, guerreiro
Não havia amanhã, cada batalha seria um fim
Cada retorno um recomeço
A consciência coletiva anulava a individualidade
Mas em cada morte habitava a dor contida
Sempre em nome do reino, matava e morria
Sobrevivi ao tempo, após ser morto impiedosamente
No instante de meu desenlace, as cenas se misturavam
Não percebia o resgate benfeitor, apenas aceitava o destino cruel
A força de todos a quem atravessei a espada, residia num só homem
O amor já reinava em mim, entendia-o, mesmo percebendo a fúria em seus olhos
A impiedade que usei por dezenas de vezes me visitava
Tudo que me restava era a aceitação do resgate inconsciente
Hoje percebo o bem recebido pela punição do amor que deixei
As angústias contidas, ainda me fazem lutar, mas do guerreiro nasceu o mestre das artes
Da saudade me restou a busca pela sabedoria do entendimento
A fúria do selvagem me fez voltar inconsciente, despertando o amor em mim
Posso ter então a consciência que descia nas vitórias pela espada
Por milênios busquei a troca da fúria pela arte, controlando assim a alma sanguinária que me fazia matar em nome de um reino carnal
O desenlace me fez crescer, pois meu coração carregava um cansaço de tanto empunhar a espada para assassinar meu inimigo
Tantas vidas vivi, até os dias em que percebo que o bem daquela lança atravessando-me a carne, me trouxe luz, paz e descanso do martírio de matar
Há tanto a resgatar, do tanto que plantei...devo então refazer o jardim, replantando flores amassadas por meus próprios pés
Abençoo a espada que me tirou da inconsciência, abençoo a lança que me aflorou um sentimento que não conseguia entender...
Hoje sei que o amor maior às vezes nos mata uma ilusão, fazendo-nos renascer para uma nova luz
Pouco a pouco, o guerreiro dá a vez ao mestre, trocando o sangue pelo conhecimento, a fúria pelo despertar de minha alma para o amor que deixei um dia
Espere-me um pouco mais, pois manchei seu rosto com lágrimas e sangue
Busco ainda em mim o mistério que sempre nos uniu...
Ainda serei seu servo, pois em meu coração...és a sacerdotisa de minhas vidas, pois por ti sempre lutei pelos reinos, luto hoje para alcançar o seu coração
Aprendo a lhe servir pelo amor, jamais pelo sangue derramado outrora
Espere-me um pouco mais, soberana és em todos os meus destinos!
Ghost