sexta-feira, 21 de julho de 2017

Automação Fraterna




Terra, abençoado lar-escola de bençãos e aprendizado

Ao ver-te tão longe de mim, vejo como és linda

Tantas dores e desatinos meus suportaste, Mãe Querida

Hoje te vejo anjo

Que saudade dos teus lugares, de tuas canções que falavam de amor
Estive em outras paragens tão belas também, mas de ti guardo eterna lembrança
De mim suportaste o despertar de dúvidas e silêncios
Meus gritos sequiosos ouvias sem reclamar

Quantas vezes foste meu lenço e suportaste minhas iras
Reclamava de ti um cárcere, mas me acolhias de minha própria ignorância
O Sol te ilumina agora, a noite te abençoa o repouso
Mãe Querida, lugar de benção e dor, de aprendizado, de despertar

Um raio te rompe, rasgando a escuridão e o silêncio...os canhões não cessam
E você tão formosa, calada, sem o menor grito
Teus lugares tão belos e completos ao habitat necessário
Teu colo abençoado que guarda a paciência do Amor

E o tempo volta em meu coração
Aqui estou Mãe, visitando-te saudoso
Aprendendo de ti a lição...
Esperar...esperar.


Ghost



segunda-feira, 3 de julho de 2017

Entre Rendas e Martelos


Que nos deixem ser mulheres como as flores são flores, como o céu é o céu, como o mar é a imensidão do mar...sem exigir-nos mais que isso, ser o que nascemos pra ser, o que nascemos sendo, o que somos, pois já é difícil o bastante sermos humanas pra tentarmos ser sobre-humanas...


Não nos cobrem divindade ou castidade angelical, nem talentos extraordinários...não seremos mães em tempo integral, nem amantes de fogo interminavelmente disponível, nem tampouco cozinheiras, faxineiras, professoras e enfermeiras de eterno plantão, pois o tempo e as circunstâncias influem sobre nós como sobre qualquer criatura, e temos fases como a lua, bem dizia a poeta Cecília, que era mulher como nós...


A roseira cresce, e um dia dará suas rosas, e é o que se espera dela, por ser roseira...o cãozinho nasce, cresce e um dia latirá, e é o que dele se espera, por ser cão...o homem nasce e se torna homem, e é esse seu normal, por ser homem: porque somente a mulher teria a sina de nascer mulher e tornar-se heroína, porque transformar-se em divina a que nasceu pra ser humana...


A vida tem muitas ciladas, e uma delas é o morrer a flor em botão, regada por água demais; o alimento cru e intragável, a que não foi dado o tempo do agir do fogo; o carro engasgado a que se quis fazer pegar à força, o ser que murchou no calor excessivo das expectativas irreais...

Seja irmã, filha, esposa ou mãe, antes de tudo é mulher, e antes ainda, criatura humana; e sua decantada beleza não pode estar em formas arredondadas e suaves, pois há as que não as tem assim...nem em perspicácia e extraordinária intuição, pois há as que tem pouca, ou nenhuma...em perfeitos rostos angelicais, pois tantas nisto nasceram em desvantagem; em habilidades multitarefas, porque existirão sempre muitas que nem ao menos possuem mobilidade...os critérios de beleza para julgar uma mulher estarão sempre aquém do que ela merece, pois tal é o mundo, e o mundo foi, até pouco tempo, fabricado por homens em todas as suas nuances...

Mas talvez existirá, pela persistência feminina, um momento no tempo e um espaço no mundo em que ela será o que puder, o que quiser, o que nasceu pra ser, o que lutou para se transformar, mas assim, natural e espontaneamente, sem empurrões nem trancos, sem pressões nem exageros, sem precisar caber numa forma preexistente antes de seu nascimento, ou se esgueirar para dentro de um estereótipo que a deixará galante mas infeliz...e nesse dia, o mundo exalará um aroma raro, o verdadeiro, o envolvente, o concreto, o nem sempre oloroso como rosas, mas o humanamente encantador, perfume de mulher...


Bíndi





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