Somos um casal que se ama há muitas vidas, se reencontrou nesta, e vai se amar eternamente...
Mas se você não acredita em alma, não crê em muitas vidas, nem aceita a idéia de eternidade, ainda assim acredite no amor: somos a prova de que ele existe, e existirá enquanto um coração humano bater sobre a face deste mundo...pois o amor é, definitivamente, o sal da terra.
Bíndi e Ghost
Por tanto te querer, acho que me perdi tanto, tanto te querer e ter que te deixar partir... Precisar-te com toda a minha minha carne farejar como louca teu amor-sedução e minha alma, impassível, dizer-me que não... O querer é tão sério...o desejo tem olhos duros Implacável avança, fareja, te escolhe É uma fera selvagem, instintiva, tirana Não consigo contê-lo, amor, eu te juro Já agora ele sonha atirar-te na cama Em sorver-te, beber-te, amar-te aos pedaços Em tratar-te qual coisa que a ele pertence E depois te esquecer, exaurido, em meus braços Para então minha alma te acolher com ternura pois já então saciado o desejo pungente Tu serás muito amado em entrega tão pura... Dizem-me as vozes de sagradas doutrinas Que o apego é um erro, a paixão é loucura Ilusão de luxúria, despenhadeiro de mágoas Mas humana que sou, abandono-me inteira Nesse ensaio de vida sobre a cama trigueira desnudando-me, Amor, pra banhar-me em suas águas.
Ela permanecia sempre em silêncio, mas sua postura denotava emoções guardadas, contidas...
Não apenas um silêncio ela trazia em seu semblante angelical, mas um vazio no coração se configurava, através de seu olhar distante
A leveza de seu andar, salientava uma elevada alma, como uma criança que busca o lar...embora num corpo de uma linda mulher, transfigurava nas feições, o aspecto de um anjo, ela poderia se chamar Bíndi, uma menina, uma mulher, um ser de luz!
Todas as vezes, em suas costumeiras visitas ao Santuário, ela se dirigia de forma autômata para a Cripta: ali ela orava baixinho, às vezes lhe corriam lágrimas na face...
Quem se aproximasse dela, poderia ouvir a súplica em oração, pedindo por seu amor..."Pai, devolva-me ele, mesmo que na eternidade, mesmo que em mil anos, devolva-me...aceitarei a sua partida dessa vida, mas imploro a vós pelo melhor caminho a quem amo."
Assim se repetiam os dias, as tardes, o vento nas árvores, o canto dos sabiás, o silêncio, aquela linda dama sentada naquele banco, com o coração em oração constante.
Quem seria o ser que mereceria o amor desse anjo de tanta luz, com tanta capacidade de amor?!...um fantasma, um desconhecido, um silencioso, alguém que nunca estava ao seu lado para vê-la chorar sozinha, sem emitir sons, mas com o coração dilacerado e ansioso!
...
...era numa tarde de sexta-feira, no mesmo dia em que ela por ali andava só...mas alguém vinha ao seu lado, eles sorriam, como duas crianças no paraíso, havia Deus deixado seu amor na Terra, junto ao anjo que tanto o amava, estavam ali...juntos, pois ao chegarem no Santuário, se prostraram diante da cruz, de suas faces surgiam sorrisos e graças, as mãos entrelaçadas, ela lhe murmura..."eu prometi que lhe traria aqui em agradecimento!"
Ele a fixa significativamente nos olhos, ela pega em suas mãos, ambos se dirigem até a Cripta, ali ele olha para o Cristo, lhe dá um sorriso quase íntimo, pega da mão de sua amada, ajoelham-se e ali ficam em silêncio...em dado momento, ele deita a cabeça em seu ombro, ela o acaricia na face, recebem do invisível, nesse momento, as luzes que os abençoaram para ali estarem juntos...então saem lentamente...levitam, sentam-se no mesmo banco onde ela por muitas vezes ficava sozinha e em silêncio; conversavam, mas em seus olhares já tudo estava dito...não precisavam das palavras.
Para o observador ficou o entendimento de que os laços do amor nos ligam, mesmo sem a presença dos corpos...
Ecoou-me aos ouvidos apenas uma conversação, que jamais esquecerei:
Ghost: Deus enviou você, para que eu não esqueça de como é o céu!
Bindi: Meu céu é onde está você!
Assim se foram...abençoados...talvez eu os veja um dia...na eternidade!