Então o grande Arquiteto entregou ao Construtor um desenho divino, que se fosse construído com esmero, com a colaboração da força, amor e tenacidade deste, resultaria na mais bela obra do universo.
Para realizar tal projeto, ao Construtor era dado montar andaimes, tapumes e fôrmas que o auxiliariam, peças feitas de tábuas simples que outra função não tinham que a de servirem de apoio enquanto exercitava o Construtor a consecução de sua verdadeira obra.
Porém, fato muito estranho se deu, pois o Construtor, a sapatear em seus andaimes na sua atividade diária, achou por bem ir ficando por ali, onde poderia montar uma moradia fácil, em contrapartida da edificação do desenho do Arquiteto, que às vezes o enfastiava por ser trabalhosa demais e exigir paciência e desvelo; afinal, seguidamente caíam tijolos mal alinhados, a massa que deveria unir tijolo a tijolo era fraca e tinha que ser refeita, enfim, a coisa toda era obra de muito mourejar.
Assim, o andaime frágil e limitado passou a ser a finalidade do Construtor, que nele foi juntando apetrechos, utensílios e móveis, decorando conforme seus pendores, até que o tal ficasse ataviado e mobiliado, constituindo-se na sua moradia oficial, então.
E pela vizinhança toda, por toda a cidade, outros Construtores assim procediam, desistindo de erigir o prédio do desenho original, cada qual em fase diferente...alguns, mais empenhados, levantavam paredes inteiras, outros impacientavam-se já nos alicerces, alguns, muito aplicados, iam até o telhado mas, ao olharem para o chão, como que atraídos pela facilidade de antes, pulavam de volta ao seu andaime, rudimentar e grosseiro, porém atrativamente conhecido.
Assim, por entre aqueles andaimes balouçantes, podíamos entrever belas obras inacabadas, tristemente aguardando um término, e Construtores muito ciosos de enfeitar seus andaimes com toda quinquilharia que ajuntavam, comparando o seu com o do vizinho, trabalhando nisto todos os dias, às vezes praticando delitos, tudo para ter o melhor andaime possível. Alguns, de tão pesados pela carga que lhe foi disposta em cima, despencavam com o Construtor e sua família, afinal,vamos convir, o madeirame frágil foi erigido para ser instrumento temporário, e não moradia definitiva. (Que ignorância dessa criatura, pensamos nós...)
Certa vez, um Construtor andou para longe, para bem longe da aldeiazinha em que morava, e pensando estar perdido, avistou com assombro uma Obra praticamente acabada. A primeira coisa, chocante para a pobre alma, e que lhe chamou a atenção, foi a ausência de andaimes: o prédio surgia inteiro, alvo e de linhas simples, com o sol refulgindo dourado em suas formas divinas. Ele já tinha ouvido falar de tais monumentos, idolatrados por alguns como algo que havia descido dos céus. Mas segundo se dizia entre certos grupos, havia sido obra de um Construtor da própria aldeia, o qual contava para quem quisesse ouvir que havia iniciado do mesmo ponto a partir do qual todos iniciavam: subindo em andaimes e com o auxílio destes, colocando tijolo a tijolo, com vontade, atenção e dedicação absolutos. Com muito esforço terminara a obra, e assim como havia montado os andaimes, desmontou-os um a um, peça por peça, pacientemente, para deixar então a Obra verdadeira à mostra, em toda a sua beleza: as grandes janelas sempre abertas deixavam ver a claridade maravilhosa que irradiava através das claraboias do teto, por onde o prédio recebia a luz direto das estrelas. E era assim que o grande Arquiteto havia programado para ser.
A pobre criatura, abismada com a história que a ele mais parecia um conto de fadas, retornou por fim à sua aldeia. Todavia, percebeu quão toscas eram as edificações de todos em comparação com aquela moradia excepcional. Pareceu a ele insano erigir a vida sobre algo tão frágil e deixar de lado a sólida obra que duraria para sempre. Mas ao chegar em frente à sua moradia, a esposa o chamou para decidir de que cor pintariam os tapumes que já descascavam da chuva, e ele esqueceu por completo do que havia presenciado. Outro dia, talvez.
Bíndi
Imagem: afrikaburn.com
Que história linda amigos!
ResponderExcluirParabéns pelo texto Bindi.
Bjs-Carmen Lúcia.
Dá que pensar...
ResponderExcluirUm dia feliz.
Por muita grandiosidade que exista não há como a nossa casinha.
ResponderExcluirExcelente história.
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Uma bela reflexão de como nos perdemos nas construção de nossa ' pessoa', nossa verdadeira essência, enquanto nos distraímos com os aparatos mundanos...
ResponderExcluirUma excelente música acompanha a falsa realidade da guerra movida pelos falsos valores do poder.
Um abraço
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Olá, meus queridos amigos Bíndi e Ghost!
ResponderExcluirComo têm passado de saúde e não só? Por aqui, tudo sereno, embora o inverno não nos dê tréguas. Acho que a desejada primavera, só aparecerá, inicialmente, no calendário. Enfim, a terra é esférica e achatada nos polos, assim nos ensinaram, portanto é preciso saber esperar pela nossa vez, pacientemente.
Querida Bíndi, que texto bem pensado, melhor escrito, enfim, grandioso, tu elaboraste! Não é de todo fácil de se compreender, de imediato, mas com atenção e vontade de ler e aprender, e, se possível, pôr em prática, a gente chega lá e tira a moral da história, a que chamaram fábula (não há animais intervenientes, mas dela se extrai uma moralidade. É isso, creio).
De facto, os Arquitetos e os Construtores têm de trabalhar em consonância e sintonia e segundo normas, que devem ser respeitosamente acatadas e cumpridas.
Quem projeta, o faz, o mais conscientemente possível, julgo, mas quem constrói, nem sempre "obedece" àquilo a que se comprometeu fazer, pois tudo dá imenso trabalho e, infelizmente, o mais simples e menos trabalhoso, leva o Homem, imperfeito, naturalmente, como ele é, a não a cumprir com sua palavra.
Não sei se os construtores, que procedem como esse de teu texto estarão só equivocados ou se a lei do mais simples, não dominará suas mentes, todavia aquilo que não tem boas bases e infraestruturas tende a cair por terra, mais dia, menos dia, enqto que algo feito com solidez, não.
"Outro dia, talvez", é uma expressão e intenção, que dominam a mente humana, infelizmente. É importante pensar presente, agora! Mãos à obra com dignidade e compromisso.
Estive vendo alguns vídeos de Afrikaburn (tive alguma dificuldade a chegar ao tema, pke África, lá, aparece com "K", mas persistir é importante. Desconhecia esse evento cultural e artístico, que se realiza na África do Sul, em quinta privada, chamada Stonehenge desde 2007. Fantástico todo o ambiente humano e as construções bizarras e invulgares, que por lá surgem, anualmente, porém todas elas com imenso significado e talvez até simbolismo.
Tudo o que vi, se enquadra mto bem em teu texto, querida amiga! Parabéns!
Um desabafo: evidente que comentar "com pés e cabeça" um texto dessa envergadura e assistir aos vídeos ou saber simplesmente o que é Afrikaburn (nascimento de África, me parece. Não domino lá mto bem o idioma inglês) dá "trabalho" e requer interesse e tempo. Afinal, e sem fazer juízos de valor, que vou fazer, me desculpem, aquilo que alguns comentadores pretendem é um comentário de volta em seus blogs. Evidente que eu tb gosto de comentários em meu blog, mas eu costumo corresponder na mesma "moeda" e por vezes, dou mto mais do que recebo.
Beijos, um abraço sólido e um bom fim de semana.
Cada casa é um monumento
ResponderExcluirPara quem ama o seu lar.
O importante é edificar
Com o amor por sentimento
Primordial, singular
E possivelmente atento
A tudo a cada momento
Para não se enganar
E esquecer da missão
Que há no seu coração
Como em primeiro lugar:
Ter em mente a construção
Para não ficar em vão
Um instante, sem amar.
Bela história! Com moral acertada. Grato pelas belas palavras em meu espaço. Grande abraço. Laerte.
Amigos, que fábula linda! Amei ler,obrigada por compartilhar conosco. grata pela visita, abraços
ResponderExcluirCada pessoa que lê esse texto tem uma visão
ResponderExcluirtalvez até postura diferente ou vivencia...
Mas com certeza nos coloca a refletir no que
queremos... e nos expõe uma medição
de nos mesmos. Muito interessante.
Gostei da imagem escolhida, muito bacana.
Boa entrada de semana para ti e para os teus.
PAZ E BEM.
Bíndi e Ghost, ola queridos! Já sentia saudades. Estava em pausa do reino da blogosfera.
ResponderExcluirO texto termina com "Outro dia, talvez". São palavrinhas que ouvimos com uma certa frequência. E não são nada agradáveis para todos os envolvidos. Atrás de um esquecimento, pode haver uma complexa história ou mesmo conveniência.
Creio que cada pessoa terá uma visão ou entendimento pessoal, próprio de todas as história.
Beijocas e flores do campo perfumadas.
Meus amigos, queridos!
ResponderExcluirEspero k vocês estejam bem e mto felizes. Aí, calor, aqui frio e em zonas mais altas, gelo e a Primavera quase chegando no Hemisfério Norte.
Passando aqui pra deixar um recadinho: a partir de 05-03 e durante uns tempinhos não postarei, nem comentarei. Tenho que tratar de minhas mãozinhas, para ser possível fazer aquilo de k mais gosto: escrever.
Beijos, um grande abraço e até já!
Meus amigos passei para desejar um bom bom fim de semana.
ResponderExcluirBeijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Olá amigos, boa noite!
ResponderExcluirUma linda fábula com grandes lições. O construtor, mesmo com toda competência não faz tudo sozinho, precisa da ajuda de outros para chegar a perfeição. Assim é a vida, assim somos nós. Errando e aprendendo seguimos a vida nos aperfeiçoando. Abraços, boa noite!
Boa noite Bíndi e Ghost!
ResponderExcluirDesculpa a ausência por aqui. Minha pausa no blog se alongou um pouquinho mais. Já estava com saudades.
Gostei muito da fábula. A imagem enriqueceu ainda mais o texto. Uma história de grande ensinamento.
Uma boa semana!
Abração!
Bindi e Ghost, queridos amigos!
ResponderExcluirTexto maravilhoso! Construtores concentrados nos andaimes, esquecidos da verdadeira obra!
Assim passamos pela vida, esquecidos de nossa verdadeira grande obra!
Fiquei emocionada! Parabéns, queridos amigos que tocam meu coração!
Beijo carinhoso!
Olá Bindi, O que será que ele não quis dizer e/ou fingiu que esqueceu?Penso que quis camuflar seu passado!
ResponderExcluirLindo texto uma obra de arte que remete à reflexão profunda.
Bfs.
Bjs!