quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Nossos barquinhos

 


 

Era quase janeiro...e Khaled caminhava com seu amigo e guia espiritual, esmagando sob seus pés a areia estalante e densa da praia vazia a não ser por um solitário pescador que, ao lado de sua traineira* que na praia descansava, fitava o horizonte, concentrado.
 
Khaled olhou na mesma direção e viu que quase em alto mar um catamarã* adernava* rapidamente. Não tardou a ouvir-se os gritos das pessoas que começavam a pular desesperadas para o mar, sem coletes nem botes salva-vidas à vista. Khaled gritou ao pescador que colocasse ao mar sua traineira e ajudasse os já quase náufragos...ao que aquele respondeu que calculava que havia quase cem pessoas no  catamarã, e a sua embarcação só dava para umas trinta ou quarenta...já que não poderia salvar todos, ele então decidiu não salvar ninguém.
 
Enquanto Khaled esbravejava com o homem,  seu amigo imediatamente correu para a vila de pescadores adiante, para pedir ajuda, voltando com muitos jangadeiros que colocaram seus barquinhos ao mar para o salvamento. O amigo de Khaled o repreendeu duramente por engalfinhar-se com o pescador.
 
- Como assim - Khaled exprimiu-se com mágoa - o homem se recusa a ajudar as pessoas e eu é que sou ofendido por ti?
- Amigo Khaled, nestas situações de nada adiantam os julgamentos e brigas. Veja que enquanto te espojavas na areia e insultavas o pescador,  eu tentei buscar uma solução para o drama...e veja também que o equívoco deste pescador é extremamente comum entre a maioria das pessoas que, só podendo ajudar pouco, não ajudam nada. Se soubessem que cada ação conta, caso pressentissem como qualquer gesto visando o bem de outros seres humanos, de animais, do meio ambiente, perfaria uma soma de avanços que mudaria o planeta, pegariam cada qual o seu barquinho e rumariam sem demora a ajudar. O oceano de necessidades é imenso...mas muito maior é a potência de nosso coração.

                                                                                                    Bíndi

 
 
Imagem encontrada no blog sietenoches.wordpress


*traineira= pequena embarcação para pesca com redes
*catamarã = embarcação para passageiros, indicada para longas distâncias
*adernar = pender (o barco) sobre um dos lados


sábado, 13 de novembro de 2021

Erês

 

 
 
Acordem, crianças, que seu sono há muito tarda
Chegou a hora de crescer, alargando a consciência
pois brincávamos pensando haver alguém na retaguarda
mas não havia...e para nossos desatinos não há de haver clemência
No regaço da natureza descansávamos incautos
Sorvendo sem cuidado, abusando, lambuzando-nos sem dó
Água, terra, ar e fogo agitando-se foram os arautos
de transes que viriam em efeito dominó
E nós, assim...vivendo pachorrentamente descansados
aguardando do céu eterna paciência maternal
tratando sem respeito o mundo que a nós foi confiado
recebendo gratuitamente o bem, e devolvendo o mal.
Chegou a hora enfim de encontrarmos a correta trilha
A natureza não é mãe...a natureza é nossa filha.
  
Bíndi
 
Crédito da imagem: goodfon.ru

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Silêncio

 


Bondoso silêncio...
Silêncio cálido
Que nos aconchega com cuidado
E nos põe pra dormir  
Te ouço na planta que brota
na boca que cala a palavra rude
na pausa do vento norte...
Serena rotina de horas amenas
o teu valor percebi
Após perder-te num susto
...saudades que tenho de ti...!
Agora chove.
E a chuva é bálsamo sobre as feridas
abertas na terra pela estiagem
nos sulcos secos, ardentes, sedentos
tendo a poeira por maquiagem
a vida brotará, inteira e aguerrida
A grandiosidade de Deus é sublime
mas sua humildade é tocante
cada pequenino dom da vida me redime
cada miúda esperança me leva para diante.
Quase posso vê-Lo parado ao pé de minha porta
A me dizer calmamente - tens tempo para aprender, filha
a dar valor ao que importa.

Bíndi


Crédito da imagem: goodfon.ru

domingo, 19 de setembro de 2021

Primaverando

 

 
 

Não sou solidão, sou solitude
sou minha melhor companhia
Aprendi a gentileza de atitude
de namorar a mim mesma, doce ousadia.
Nem ególatra nem santa, vou direto ao que interessa
aprendi a lucidez dos loucos e a mansidão dos fortes
Vou no meu tempo, que devagar é pressa
e viver em paz comigo e com os outros é meu norte.
Não exigirei nada do outro, pois sei que também sou incompleta
Se alguém está no tempo da lagarta
Não adiantará exigir a borboleta.



Bíndi



Crédito da imagem: arte de Aykut Aydogdu

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Chances

 


 A vida ensina
O tempo cobra
O esforço é grande demais
e pequeno o valor da obra
O futuro bateu à porta,
não estávamos em casa.
A porta fechou
A carta voltou
O sonho, cansado, partiu.
Teimei em sonhar,
abri a janela:
o pessegueiro floriu.
E o vento que leva os sonhos
talvez os torne a trazer...
Sofrer cansa.
Um dia, cansados de sofrer
talvez enfim
encontremos a esperança.

Bíndi

crédito da imagem Pixabay




domingo, 8 de agosto de 2021

Indestrutível ser

 



 
A chuva faz brilhar o asfalto em gotas prateadas
e onde o castigo do estio secou plantas, rios e até os olhos
de quem nem mais chorar podia
Brotou nova esperança, alento, e energia
As orações foram ao céu, e pareceu que o céu enfim lhes respondia
Mas um pouco mais além, no povoado não muito distante
profano temporal arrancou árvores, telhados, fez rodar no vento
a paz, as casas, as obras feitas de sonho e alvenaria 
Desalentados ao relento, aquela gente 
De olhos postos no céu a chuva maldizia
A mesma chuva, a mesma água que caía
Podia representar tanto bênção quanto maldição
A chuva é então...um mal ou bem?
De que essência, má ou boa é feita o trovão?
Há o mal? Há o bem? Há o bom ou ruim ou então
tal dependerá de quão preparados estamos para receber
o que a vida nos trouxer, de chofre, de roldão?
Há quem diga que a alma precisa ser arada
ser cinzelada, e passada ao fogo
para que seja maleável a todas as situações
Já que nunca saberemos de antemão
se é "bom" ou "mau" o que nos traz os ciclos do porvir.
O que fazer, então...? Aprender... E deixar-nos ir.


Bíndi
 
Crédito de imagem: 
© CC0 / Pixabay/12019/10266


domingo, 18 de julho de 2021

Abraços invisíveis

 





Sei que me buscas e não me encontras...mas estou aqui, meu Amigo!
Acalma a tua mente, com lucidez e disciplina, pois num torvelinho de pensamentos e emoções
Não conseguirás ouvir minha voz te inspirando
Quando mais desacreditas em mim, é quando mais precisas de meu auxílio...!
Difícil para vocês aceitarem a nossa existência, mas aí, no âmago de seus corações,
Deus plantou uma centelha que encoraja a ter fibra e a acreditar em algo maior que o reino da matéria
Não posso tomar para mim as tuas dores: elas são resultado do que buscaste, e também parte de teu aprendizado
Responsabiliza-te então pelas tuas escolhas, sabendo que cada vírgula tem sua consequência
Enquanto dormes, muitas vezes é comigo que te encontras para aconselhar-se e refazer tuas energias,
pensando, ao acordares, ter sonhado com algum parente teu ou mesmo
nem lembrando de nada...
Mas tua alma sente o conforto de nosso encontro,
em que te abracei com carinho e repassei contigo
tudo o que combinamos para o trajeto de tua existência
Segue em frente e em paz, pois ser melhor
é o único dever a que te obrigas.

BÍNDI



terça-feira, 22 de junho de 2021

Urgência


Vim sorrir contigo 

Pois de chorar estamos fartos

E sozinhos em nossos quartos

Fomos isolados da alegria

Vim abrir janelas

Porque as portas se fecharam

E rarefeito fez-se o ar

Se o fôlego nos tiraram

Chegado é o tempo de respirar 

Vim abrir meus braços 

E te guardar no peito em harmonia

Anjo meu, estamos tão carentes de abraços 

Famintos de silêncio e calma 

Tão cinza está lá fora

 Pega agora tuas tintas

Vamos colorir almas



Bíndi



Imagem: coopermiti.com.br

******P.S.: Era a vez de Ghost fazer uma postagem; mas como ele está enfronhado em projetos de trabalho, ocuparei interinamente seus espaços.******



domingo, 30 de maio de 2021

Parabéns por amanhã

 


 

Hoje a vida te mostra a sua face mais obscura
Amanhã te olharás no espelho e verás o rosto da vitória

Hoje teu arado sulca a terra seca e dura
Amanhã a semente germinada será coroa em tua trajetória

Hoje vergas teus ombros e te corta o vento do infortúnio
Amanhã, com a cabeça levantada, olharás o céu com esperança

Hoje tens a impressão de que nada vale a pena
Amanhã o sopro da tristeza fará parte da lembrança

Hoje na forja das provações teu coração e mente se incendeiam
Amanhã sentirás enfim a serenidade e júbilo

As trevas te perturbam, te cercam, te cerceiam
Mas mantenha-te em paz pois, no final de tudo,
És o teu último e único refúgio.

 

Bíndi

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Òsunmaré de Ifè

 


Aprendi que amar não é pecado
Amar alguém é amar uma representação de Deus
  
Tanto procurei fora de mim, quando encontrei algo...foi você.
Então me disseram que estava tudo errado, que o amor mora em mim mesmo,
Então procurei dentro de mim...de novo encontrei você.

E agora?! o que pensar?! 
Melhor sentir...
Esse amor que está fora e dentro, como o próprio Deus em  mim.

Quem quiser procurar fora e achar, que ache
Quem duvidar, que procure dentro de si
A resposta para o amor verdadeiro será a mesma

O amor é assim, é a própria divindade, infinita e incompreensível
Maravilhosa e sublime,  aproximando-se de nós pela compreensão
Nos trazendo a lei da atração, nos olhos de outro alguém, nos identificando pela afinidade dos pensamentos, até formarmos uma grande multidão de amor e paz.

Ame sim...ame com toda a força que o seu coração suportar
É assim que eu amo, assim  somos felizes, nos completando, não nos julgamos, nem tentamos mudar um ao outro, pois descobrimos que somos um, se somos um...como não amar a nós mesmos? pois nos completamos.

Se entregue para a sedução que essa pessoa lhe causa, não tenha medo de amá-la, veja em seus olhos, o amor não mente, não tenha medo de acordar pensando nela, de dormir com ela no pensamento, se você é correspondido, você acertou na loteria, essa é a alma companheira que te espera ao longo das existências, vocês se encontraram...isso é um milagre, viva esse amor, não espere o paraíso, pois o paraíso mora dentro de nossos corações, pode ser acionado quando amarmos alguém e por esse alguém recebermos o mesmo amor, falado no olhar, no silêncio, na distância, no abraço, na voz, no jeito, no andar, no sorriso. Ame!


Ghost
 
 
Origem da imagem: https://en.unifrance.org/

segunda-feira, 29 de março de 2021

Apuros de Prestimosa

 


 

Apuros de Prestimosa

                                                                                        Biografia de uma ficção
                                                                                                    Capítulo Um - e, talvez, único.

Chamo-me Prestimosa, de pai e mãe descendente de heroicas raças que pelo Brasil aportaram. Conto-vos minha história sabendo-me desde já sujeita a vexames e melindres - pois as opiniões são diversas e nem sempre serei recebida com aplausos. Previno-me então para alguns muxoxos desdenhosos, interjeições jocosas, risos abafados de escárnio; mas sei que em sua maioria, meus leitores talvez, até, reconheçam-se em alguma de minhas desgramadas patranhas.

Pois vou contar de como conheci meu delegado, lá no querido interior do Brasil, numa cidadezinha onde o vento faz a curva e o judas não apenas perdeu as botas como furou as meias nos pedregulhos dos caminhos sem pavimento. Cresci ouvindo o grito dos carcarás e o pio das corujas, numa casinha branca cercada de pés de araçá, carambola e ingá, e onde as laranjeiras em flor atraíam abelhas e pares enamorados que vinham suspirar ao pé do muro, onde escondiam bilhetinhos de amor.
Certo dia, tinha eu meus quatorze anos, e um infausto acontecimento quebrou a serena monotonia do lugar. Fomos acordados pelos gritos de meu pai, que ao amanhecer costumava, amorosa e diligentemente, alimentar suas galinhas de estimação. Pois naquela fatídica manhã chegou ele ao galinheiro e constatou que estava vazio como o céu dos católicos: suas amadas Ponciana,Tibúrcia, Carminosa,Ventoinha, Izidora e todas as demais estimadas penosas haviam desaparecido. Num correrio do demo, vasculhou-se cada canto e nada encontramos. Convocou-se o delegado.
Podem os ilustres citadinos, acostumados com uma rotina de bárbaros crimes pipocando todos os dias, estranhar o fato de requerer-se a presença de um delegado para um prosaico desaparecimento galináceo: mas é preciso que se esclareça que, naquele tempo e naquela cidade, crimes eram quase inexistentes, e a última vez de que tivemos notícia de um, foi quando os moleques da escolinha, desejosos de uma pescaria ao invés das aulas de moral e cívica, colocaram areia no tanque de combustível do velho fusca da professora.

Pois o delegado veio diligenciar; era ele novo na cidade, chegado há poucos dias, e desejoso de estrear em grande estilo resolvendo uma charada criminosa, apressou-se em averiguar, de bloquinho em punho, o álibi de cada morador das vizinhanças. Não pude deixar de notar que era ele bem apessoado e elegante de estampa e de gestos, e muito me entristeci quando fui posta para fora da sala onde ele e meu pai conversavam. Fechou-se a porta, e fui cuidar da vida; mas curiosa como um filhote de mico, não pude me furtar de assuntar, e dando a volta na casa, acocorei-me sob a janela para ouvir a conversa. O que ouvi meu pai dizer abateu-me mais que as urtigas pinicando o derriére:  
“Ela só tem quatorze anos, mas sabe lavar, passar e cozinhar, e como vossa excelência viu é bem apanhadinha. Por dois mil cruzeiros selamos o negócio e leva hoje mesmo, pois tenho mais quatro para encaminhar.”

Fiquei de queixo caído: nossa situação estava tão negra que meu pai me vendia, como produto de feira, em casamento? Corri dali antes de ouvir as risadas na sala, pois certamente era uma brincadeira entre adultos; mas passei o dia escondida entre moitas de dama-da-noite e a família toda esqueceu das galinhas para procurar-me. Quem veio a me encontrar foi ele, o pivô da situação, toda chorosa e já com saudades da família por me achar vendida e mal paga. Estendeu-me um branco lenço que encharquei de lágrimas, e ele beijou-me a mão dizendo que o coração não se compra nem se vende, mas se dá em bondade e devoção, amor e arrebatamento, e que o dele estava guardado para quem o soubesse espanar e tirar da prateleira onde se escondia esquecido do mundo. Pois digo que dali saí disposta a lustrar, lavar, polir e deixar fulgente e luzidio como sino de prata aquele coração que se mostrava sincero e arrebatado.
E sobre as galinhas...jamais soubemos o seu paradeiro. Consta que terminaram seus dias animando canjas na casa do Manoel das Cabras, o que nunca foi comprovado.

 

Bíndi

 

Crédito da imagem: Correio da Amazônia

quinta-feira, 4 de março de 2021

 


 
 
 
As asas se abrem, o voo está por iniciar...
Céus se mostram em cores e sons
O coração doce já não sente a harmonia
O silêncio se torna companheiro fiel

Do ninho, ficam as palhas...os pássaros voam além
Sem saudade de ninguém, outros irmãos, outra nação
A Samsara se movimenta num sussurro, num adeus
A música segue...a egrégora se mantém

Noutras paragens, noutras dimensões, acomodam-se no ninho
Vem o vento, balança a fortaleza...as asas se agitam novamente

Lá vão os pássaros, buscando a liberdade...num horizonte sem fim.

Ghost

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

A glória de amar

 


O meu corpo andava cego pelos prados deste mundo
Minha alma, na lembrança do teu amor, era meu guia
Vozes dissonantes me chamavam, na tentativa de perder-me
Mas meu espírito desperto, sem titubear, seguia.

Ventos sopraram sobre mim, irromperam tempestades
Areias escaldantes de invejas, prantos de ira,
Línguas prontas a minar minha vontade e mesmo assim
Havia algo a me chamar: teu coração, formosa mira.

 O mundo não perdoa o amor de almas, me disseste um dia
Pois vivo ao avesso deste mundo então, mas jamais desistiria
Da beleza de amar além do corpo, além da vida

Te encontrar foi um milagre pra quem se acreditava descrente,
Te amar foi mergulhar de corpo e alma na imensidão pungente
De um amor Eros e Filos, que por ti me abrasa, Alma querida!

Bíndi

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

♥️ The Gift Of Love ♥️

 


O melhor presente!!

Os demais passariam como a vida atual, tudo ficaria no tempo passado, apenas lembranças,
Mas eu queria te dar algo que fosse pra sempre...
Procurei em todo o canto
Por todas as avenidas e lojas

Perguntei para pessoas
Procurei em livros
Olhei filmes
Ouvi músicas

Objetos caros, mas temporais
Roupas lindas, mas sujeitas ao desbotamento do tempo
Entristeci ao nada achar, que fosse dentro de minha expectiva
Poderia ser simples ou sofisticado, mas nada há, que seja pra sempre

Então eu orei, pois queria achar algo que te fizesse sorrir
Pedi aos santos,  aos anjos e ao coração
Então você chegou e me olhou
Percebi que você me dá algo que me faz sempre feliz, todos os dias

Um tesouro invisível, que me faz sentir o maior dos homens
Olhei a luz de teu olhar, me fixando com ternura
Transbordando algo que me faz sempre paralisar de emoção
Está em teus gestos, em tuas atitudes e dedicação

Em teus toques de afago, em teus abraços e versos
Eu jamais poderia comprar tal presente
Já o tenho comigo... é o maior presente que você já me deu também...
Além de que...posso dá-lo diariamente...pra sempre!
 
Ghost

sábado, 16 de janeiro de 2021

Retalhos...

 


 

O calendário virou, mas não soterrou nosso passado

e o ano que se foi deixou retalhos ácidos

Mascando o tempo, recolhi pedaços

e uma colcha costurei entre meus braços.

Juntei o retalho da indiferença com o da solidariedade

na tentativa de confeccionar obra mais bela...

E de generosidade e egoísmos consegui porções enormes

com que fui cerzindo devagar, olhando a vida da janela.

Houve descuido, desgovernos, maus exemplos a fusel,

que costurei unidos com o suor de médicos e enfermeiras.

E neste entretecer apequenou-se a linha de meu carretel

pois para tais atos, tão heróicos, não sou bastante boa bordadeira.

E fui juntando, tecendo, costurando, a refletir...

A colcha ainda não aprontei, porque bem sei...muito ainda há de vir...!

Mas por pior que sejam os acontecimentos, não os apago da memória

Pois servirão de baliza para que me desvie de caminhos rústicos.

Porém, jamais deixemos de crer e de nos esforçar pela vitória:

Aprendi que a esperança é a teimosia dos lúcidos.

 

Bíndi

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